[The Truth About Saturated Fat]
por Mary Enig, PhD* e Sally Fallon**
Tradução:
Odi Melo www.melnex.net
As gorduras de origem vegetal e animal propiciam uma
fonte concentrada de energia na dieta alimentar. Elas também fornecem os
elementos formadores das membranas das células, além de uma variedade de
hormônios e substâncias assemelhadas. Quando fazem parte de uma refeição, as
gorduras retardam a absorção, a fim de que possamos ficar mais tempo sem sentir
fome. Além disso, elas funcionam como portadoras das importantes vitaminas A,
D, E e K, que são solúveis em gordura (lipossolúveis). As gorduras da dieta
alimentar são necessárias para converter caroteno em vitamina A, para absorção
de minerais e para uma gama de outros processos.
A nutrição "politicamente
correta" é baseada na suposição de que devemos reduzir a ingestão de
gorduras, principalmente as saturadas e de origem animal. As gorduras de fonte
animal também contêm colesterol, que é apresentado como um “vilão gêmeo” da
dieta civilizada.
A hipótese lipídica
A teoria (chamada "hipótese
lipídica") de que há uma relação direta entre a quantidade de gordura e o
colesterol da dieta alimentar na incidência de doenças cardiocoronárias foi
proposta por um pesquisador chamado Ancel Keys, no final da década de 1950.
Inúmeros estudos subseqüentes têm questionado seus dados e suas conclusões. No
entanto, os artigos de Keys receberam muito mais publicidade do que aqueles que
apresentavam posições alternativas.
As indústrias de óleos vegetais e
de processamento de alimentos, principais beneficiários de qualquer pesquisa
que condene os alimentos tradicionais (seus concorrentes) passaram a promover e
financiar mais pesquisas, concebidas para dar suporte à hipótese lipídica.
O mais conhecido defensor da
dieta com pouca gordura foi Nathan Pritikin. Na verdade, Pritikin advogava a
eliminação do açúcar, da farinha branca e de todos os alimentos processados da
dieta alimentar, e recomendava o uso de alimentos crus e frescos, grãos
integrais e um programa com exercícios físicos vigorosos. Mas foram os aspectos
do seu regime com baixa gordura que receberam as maiores atenções da mídia.
Seus seguidores achavam que tinham perdido peso e que seus níveis de colesterol
no sangue, bem como a pressão sangüínea, haviam declinado.
O sucesso da dieta Pritikin
deveu-se provavelmente a vários fatores que nada tinham a ver com a redução das
gorduras na dieta alimentar. Só a perda de peso, por exemplo, já precipita uma
redução nos níveis de colesterol do sangue. Mas Pritikin logo descobriu que a
dieta sem gorduras apresentava muitos problemas, sendo um dos mais importantes
o fato de que as pessoas simplesmente não conseguiam permanecer na sua dieta.
Aqueles que tinham força de vontade suficiente para continuar sem ingerir
gorduras por algum tempo, apresentavam vários problemas de saúde, inclusive
falta de energia, dificuldade de concentração, depressão, aumento de peso, e
deficiência de minerais.1
Pritikin pode ter salvo a si
mesmo de doenças cardíacas, mas sua dieta com pouca gordura não o salvou do
câncer. Ele morreu por suicídio, na flor da idade, quando se deu conta de que o
seu regime espartano não estava curando a leucemia que ele tinha. Ninguém tem
que morrer por doença cardíaca, por câncer, ou por seguir uma dieta que cause
depressão.
Quando os problemas com seu
regime sem gordura se tornaram aparentes, Pritikin introduziu uma pequena
quantidade de gordura de origem vegetal em sua dieta, algo em torno de 10% da
ingestão calórica total. Hoje, os “dietocratas” nos aconselham a limitar as
gorduras a 25-30% da ingestão calórica, o que significa mais ou menos 70
gramas, ou 5 colheres de sopa por dia numa dieta de 2.400 calorias. Controlar
cuidadosamente a ingestão de gorduras e evitar as gorduras animais, dizem eles,
é o segredo para uma saúde perfeita.
A "prova" que dá
suporte à hipótese lipídica
Esses "experts" nos
asseguram que a hipótese lipídica está apoiada em prova científica
incontestável. A maioria das pessoas ficaria surpresa ao saber que, na verdade,
existe muito pouca evidência apoiando o argumento de que uma dieta com pouca
gordura saturada e pouco colesterol realmente reduza as mortes por doenças
cardíacas, ou que aumente, de uma forma ou de outra, o tempo de vida de alguém.
Vamos analisar o seguinte:
Antes de 1920, as doenças
cardiocoronárias eram raras na América. Tão raras que quando um jovem médico
chamado Paul Dudley White apresentou o eletrocardiógrafo alemão ao seus colegas
na Universidade de Harvard, eles o aconselharam a dedicar-se a um ramo da
medicina que fosse mais lucrativo...
A nova máquina revelava a
presença de obstruções arteriais, permitindo assim o diagnóstico precoce de
doenças cardiocoronárias. Mas, naqueles tempos, artérias entupidas eram uma
raridade médica e White teve que sair à procura de pacientes que pudessem se
beneficiar da sua nova tecnologia. Durante os quarenta anos seguintes, no
entanto, a incidência de doenças cardiocoronárias aumentou dramaticamente.
Tanto, que em meados da década de 50 as doenças cardíacas eram a principal
causa de morte entre os norte-americanos.
Hoje, as doenças cardíacas causam
pelo menos 40% das mortes nos EUA. Se, como nos tem sido dito, as doenças
cardíacas resultam do consumo de gorduras saturadas, era de se esperar que
fosse encontrado um aumento correspondente de gordura animal na dieta dos
norte-americanos. Mas, na realidade, ocorre o contrário - durante um período de
60 anos, de 1910 a 1970, a proporção de gordura animal convencional na dieta
norte-americana declinou de 83% para 62%, e o consumo de manteiga despencou de
8 kg anuais por pessoa para 1,8 kg.
Durante os últimos 80 anos, a
ingestão de colesterol via dieta alimentar aumentou apenas 1% (um por cento).
Durante o mesmo período, o percentual de óleos vegetais via dieta, em forma de
margarina, óleos refinados e para frituras, aumentou cerca de 400%, enquanto o
consumo de açúcar e de alimentos processados aumentou aproximadamente 60 por
cento.2
O Framingham Heart Study é
freqüentemente citado como prova da hipótese lipídica. Esse estudo começou em
1948 e contou com a participação de umas 6.000 pessoas da cidade de Framingham,
em Massachusetts (EUA). Dois grupos foram comparados em intervalos de 5 anos –
os que consumiam pouco colesterol e pouca gordura saturada e o grupo que
consumia grandes quantidades. Após 40 anos, o diretor desse estudo teve que
admitir:
"Em Framingham, quanto mais
gordura saturada, mais colesterol e mais calorias alguém ingere, mais baixo é o
nível de colesterol no sangue dessa pessoa. Constatamos que as pessoas que
ingeriam mais colesterol, mais gordura saturada e mais calorias, eram os que
pesavam menos e eram fisicamente mais ativos." 3
Mas o estudo mostrou que aqueles
que pesavam mais e tinham níveis de colesterol no sangue excepcionalmente
elevados apresentavam um risco um pouco maior de futuros ataques cardíacos.
Porém, ganho de peso e níveis de colesterol tiveram uma correlação inversa com
a ingestão de gorduras e de colesterol na dieta alimentar.4
Num estudo britânico plurianual
envolvendo milhares de homens, foi pedido que a metade deles reduzisse a
gordura saturada e o colesterol em suas dietas, que parassem de fumar e
aumentassem a quantia de gorduras insaturadas, como as margarinas, e de óleos
vegetais. Após um ano, os que estavam na dieta "boa" tiveram 100%
mais mortes do que os da dieta "ruim", embora os homens na dieta
"ruim" continuassem a fumar! Porém, ao descrever esse estudo, o autor
ignorou esses resultados, em favor da conclusão politicamente correta: "As
implicações para a política de saúde pública do Reino Unido são de que um
programa preventivo, como esse que avaliamos nesta pesquisa, seria
provavelmente eficaz..." 5
A Pesquisa do Fator de
Intervenção de Múltiplo Riscos (MRFIT) nos EUA, patrocinada pelo Instituto
Nacional do Coração, Pulmão e Sangue, comparou as taxas de mortalidade com os
hábitos alimentares de mais de 12.000 homens. Aqueles com hábitos alimentares
"bons" (pouca gordura saturada, pouco colesterol, fumantes leves,
etc) demonstraram uma redução marginal no total das doenças cardiocoronárias.
Porém sua mortalidade geral, por outras causas, era mais alta.
Resultados semelhantes foram
obtidos em diversos outros estudos. Os poucos estudos que indicam uma
correlação entre redução de gorduras e decréscimo na mortalidade por doenças
cardiocoronárias também apontam um aumento concomitante nas mortes por câncer,
morte violenta, hemorragia cerebral e suicídio.6
O Lipid Research Clinics
Coronary Primary Prevention Trial (LRC-CPPT), que custou 150 milhões de
dólares, é o estudo mais freqüentemente citado pelos experts para justificar as
dietas com pouca gordura. Na realidade, colesterol e gorduras saturadas via
dieta alimentar não foram examinados nesse estudo, pois todos os participantes
receberam uma dieta com pouco colesterol e pouca gordura saturada. Em vez
disso, o estudo examinou os efeitos de um medicamento para baixar o colesterol.
A análise estatística do estudo sugeriu uma redução de 24% nas taxas de doenças
cardiocoronárias no grupo do medicamento, em comparação ao grupo do placebo. No
entanto, as mortes por doenças não cardíacas no grupo do medicamento aumentaram
– mortes por derrames, câncer, violência e suicídio.7
Até mesmo a conclusão que a
diminuição do colesterol reduz doenças cardíacas é suspeita.
Pesquisadores independentes que
tabularam os dados desse estudo não encontraram nenhuma diferença estatística
significativa nas taxas de morte por doenças cardiocoronárias entre os dois grupos.8
Porém, a mídia popular e as publicações médicas elogiaram o LRC-CPPT como sendo
a longamente esperada prova de que as gorduras animais são a causa das doenças
cardíacas, a que mais mata nos EUA.
Estudos que desafiam a hipótese
lipídica
Embora seja verdade que
pesquisadores induziram doenças cardíacas em alguns animais através de doses
extremamente elevadas de colesterol oxidado ou rançoso (quantidades dez vezes
maiores que as encontradas na dieta humana normal), diversos estudos
populacionais contradizem frontalmente a conexão colesterol/doença cardíaca.
Um pesquisa de 1700 pacientes com
endurecimento arterial, feita pelo famoso cirurgião cardíaco Michael DeBakey,
não encontrou relação entre níveis de colesterol sangüíneo e incidência de aterosclerose.9
Outra pesquisa com adultos no
estado norte-americano de Carolina do Sul não encontrou correlação entre os
níveis de colesterol no sangue com hábitos dietéticos “ruins”, como o consumo
de carne vermelha, gorduras animais, frituras, manteiga, ovos, leite integral,
bacon, lingüiças e queijos.10 E um levantamento feito pelo Conselho
de Pesquisa Médica demonstrou que os homens que ingeriam manteiga corriam a
metade do risco de desenvolver doenças cardíacas do que aqueles que usavam
margarina.11
O leite materno contém uma
proporção de colesterol mais alta que praticamente qualquer outro alimento. Ele
também contém mais de 50% das suas calorias na forma de gordura, boa parte dela
gordura saturada. Tanto o colesterol quanto a gordura saturada são essenciais
para o crescimento de nenês e crianças, principalmente para o desenvolvimento
do cérebro.12 No entanto, a American Heart Association está
atualmente recomendando uma dieta com pouca caloria e pouco colesterol para
crianças! As fórmulas infantis comerciais contêm pouca gordura saturada e as
fórmulas para mamadeiras à base de soja são totalmente destituídas de
colesterol. Um estudo recente encontrou uma relação entre dietas com pouca
gordura e a falta de desenvolvimento em crianças.13
Um grande número de pesquisas em
populações tradicionais tem gerado informações embaraçosas para os
"dietocratas". Por exemplo, um estudo comparando judeus quando viviam
no Iêmen, e cujas dietas continham gorduras somente de origem animal, com
judeus iemenitas vivendo em Israel, cujas dietas continham margarinas e óleos
vegetais, revelou pouca doenças cardíacas ou diabetes no primeiro grupo, porém
altos níveis de ambas as doenças no último grupo.13 (O estudo também
notou que os judeus iemenitas não consumiam açúcar, mas os de Israel consumiam
açúcar em quantidades iguais a 25–30% da ingestão total de carboidratos.)
Uma comparação entre populações
do norte e do sul da Índia revelou um padrão semelhante. As pessoas do norte
consomem 17 vezes mais gordura animal, porém apresentam uma incidência de
doenças cardiocoronárias sete vezes menor do que as pessoas do sul da Índia.15
Os massais e tribos congêneres da África subsistem basicamente à base de leite,
sangue e carne de gado. Eles não têm doenças cardiocoronárias e apresentam
excelentes níveis sangüíneos de colesterol.16
Os esquimós ingerem quantidades
generosas de gordura animal, de peixes e animais marinhos. Em sua dieta
alimentar nativa, eles estão livres de doenças e são incrivelmente fortes.17
Um extenso estudo sobre dieta alimentar e padrões de doenças na China revelou
que a região onde a população consome grande quantidade de leite integral
apresenta a metade das taxas de doenças cardíacas em relação a diversos
distritos, nos quais apenas pequenas quantidades de produtos animais são
consumidas.18
Diversas sociedades mediterrâneas
apresentam baixos índices de doenças cardíacas, embora a gordura (incluindo
gordura altamente saturada de ovelha, lingüiça e queijo de cabra) constitua até
70% da sua ingestão de calorias. Os habitantes de Creta, por exemplo, são
notáveis pela boa saúde e longevidade.19 Um estudo de
porto-riquenhos revelou que, apesar de consumirem grandes quantidades de
gordura animal, eles apresentam uma incidência muito baixa de câncer de cólon e
da mama.20
Um estudo do povo longevo da
Geórgia (na ex-União Soviética) revelou que aqueles que ingeriam os alimentos
mais gordurosos eram os que viviam mais tempo.21 Em Okinawa, onde o
tempo médio de vida das mulheres é 84 anos (maior que a média do Japão), os
habitantes comem generosas porções de carne de porco e frutos do mar, e fazem
todas as suas frituras com banha.22 Nenhum desses estudos é
mencionado por aqueles que defendem restrições para as gorduras saturadas.
A saúde relativamente boa dos japoneses,
que têm o maior tempo e vida dentre todas as nações do mundo, é geralmente
atribuída a uma dieta alimentar com pouca gordura. Embora o japonês coma pouca
gordura láctea, a idéia de que a sua dieta seja fraca em gorduras é um mito. Ao
contrário, ela contém quantidades moderadas de gorduras animais de ovos, carne
de porco, frango, carne de gado, frutos do mar e miúdos. Com sua preferência
por moluscos, crustáceos e sopa de peixe, comidos diariamente, o japonês
provavelmente consome mais colesterol que a maioria dos norte-americanos.
O que eles não consomem é
muito óleo vegetal, farinha branca e alimentos processados (embora comam arroz
branco). O tempo de vida dos japoneses aumentou, desde a Segunda Guerra, com um
aumento de proteínas e gorduras animais em sua dieta.23 Aqueles que
citam as estatísticas japonesas para promover a dieta da baixa gordura, deixam
de mencionar que os suíços têm um tempo de vida quase igual ao dos japoneses e
têm uma das dietas alimentares mais gordurosas do mundo. Empatados em terceiro
lugar, em termos de longevidade, estão a Áustria e a Grécia, ambas com dietas
de alta gordura.24
Como último exemplo, vamos
considerar os franceses. Quem já comeu em diversos lugares da França deve ter
observado que a dieta alimentar dos franceses é repleta de gorduras saturadas,
em forma de manteiga, ovos, queijos, cremes, fígado, carnes e substanciosos
patês. No entanto, os franceses apresentam taxas de doenças cardiocoronárias
mais baixas que muitos outros países ocidentais.
Nos EUA, 315 de cada 100.000
homens de meia-idade morrem de ataque cardíaco todos os anos. Na França, essa
taxa é de 145 por 100 mil. Na região da Gasconha, onde fígado de ganso e de
pato são a dieta básica, essa taxa é admiravelmente baixa – 80 de cada 100 mil.25
Esse fenômeno recentemente ganhou destaque internacional como “paradoxo
francês”. (Mas os franceses sofrem de muitas doenças degenerativas. Eles
ingerem grande quantidade de açúcar e farinha branca e, nos últimos anos,
sucumbiram à tentação dos alimentos processados, para economizar tempo).
Um coro de vozes organizadas,
incluindo a American Cancer Society, o National Cancer Institute e
o Comitê de Nutrição e Necessidades Humanas do Senado norte-americano, alega
que a gordura animal está ligada não apenas a doenças cardíacas, mas também a
vários tipos de câncer. No entanto, quando pesquisadores da Universidade de
Maryland analisaram os dados que eles utilizaram para fazer essas alegações,
descobriram que o consumo de gordura vegetal é que estava relacionado ao
câncer, e não a gordura animal.26
Entendendo a química das gorduras
Claramente, algo está errado com
as teorias que vemos na imprensa popular (e usadas para promover a venda de
preparados com baixa gordura e alimentos sem colesterol). O conceito de que as
gorduras saturadas, por si, causam doenças cardíacas e câncer, não é apenas
superficial mas também totalmente errado. Mas é verdade que algumas gorduras
são prejudiciais. Para entender quais são elas, precisamos primeiro ter algum
conhecimento sobre a química das gorduras.
As gorduras (ou lipídios)
pertencem a uma categoria de substâncias que não são solúveis em água. Em
linguagem simples, os ácidos graxos são cadeias de átomos de carbono, nas quais
átomos de hidrogênio preenchem as ligações disponíveis. A maior parte da
gordura em nosso corpo e nos alimentos que ingerimos está na forma de
triglicerídeos, isto é, três cadeias de ácidos graxos ligadas a uma molécula de
glicerol.
Níveis elevados de triglicerídeos
no sangue têm sido positivamente relacionados com predisposição a doenças
cardíacas, mas esses triglicerídeos não provêm de gorduras da dieta alimentar.
Eles são produzidos no fígado, a partir do excesso de açúcar não utilizado como
energia. A fonte desse excesso de açúcar pode ser qualquer alimento que
contenha carboidratos, especialmente açúcar refinado e farinha branca.
Classificação
dos ácidos graxos pela saturação
Os ácidos graxos são
classificados da seguinte forma:
Saturados - Um ácido graxo é “saturado”
quando todas as ligações de carbono estão ocupadas por átomos de hidrogênio.
Eles são altamente estáveis, pois todas as ligações dos átomos de carbono estão
preenchidas (ou saturadas) por hidrogênio. Isso significa que eles
normalmente não ficam rançosos, mesmo quando aquecidos para fins de cozimento.
Eles têm formato reto e, por isso, encaixam-se facilmente uns nos outros,
formando uma gordura sólida ou semi-sólida em temperatura ambiente. O nosso
corpo produz ácidos graxos saturados a partir de carboidratos. Eles são também
encontrados nas gorduras animais e nos óleos tropicais.
Monoinsaturados - Os ácidos graxos
monoinsaturados apresentam uma ligação dupla, na forma de dois átomos de
carbono duplamente ligados entre si e, portanto, faltam dois átomos de hidrogênio.
O nosso organismo produz ácidos graxos monoinsaturados a partir dos ácidos
graxos saturados e os utiliza de várias formas.
As gorduras monoinsaturadas têm
uma dobra ou curvatura na posição da ligação dupla, de tal forma que elas não
se encaixam tão facilmente umas nas outras como as saturadas e, portanto,
tendem a ficar líquidas à temperatura ambiente. Assim como as gorduras
saturadas, elas são relativamente estáveis. Elas não ficam rançosas facilmente
e portanto podem ser utilizadas para cozimento. O ácido graxo comumente
encontrado em nosso corpo é o ácido oléico, que é o principal componente do
azeite de oliva, bem como dos óleos de amêndoa, da noz-pecã, do caju, do
amendoim e do abacate.
Poliinsaturados - Os ácidos graxos
poliinsaturados têm dois ou mais pares de ligações duplas. Portanto, faltam
quatro ou mais átomos de hidrogênio. Os dois ácidos graxos poliinsaturados mais
freqüentemente encontrados em nossos alimentos são o ácido linoleico duplamente
insaturado (com duas ligações duplas - também conhecido como ômega-6) e o ácido
linolênico triplamente insaturado, contendo três ligações duplas - também
chamado de ômega-3 (o número ômega indica a posição da primeira ligação dupla).
Nosso organismo não consegue
produzir esses ácidos graxos. Por isso, eles são chamados de
"essenciais". Precisamos obter nossos ácidos graxos essenciais (ou
EFA, em inglês) dos alimentos. Os ácidos graxos poliinsaturados têm uma dobra
ou curvatura na posição da ligação dupla e por isso não se encaixam tão facilmente
umas nas outras. Essas gorduras são líquidas, mesmo quando refrigeradas.
Os elétrons não emparelhados das
ligações duplas tornam esses óleos altamente reativos. Eles ficam rançosos com
facilidade, especialmente o ácido linolênico ômega-3, e precisam ser tratados
com cuidado. Os óleos poliinsaturados nunca devem ser aquecidos ou usados para
cozimento. Na natureza os ácidos graxos poliinsaturados são normalmente
encontrados na forma cis, o que significa que ambos os átomos de
hidrogênio da ligação dupla estão no mesmo lado.
Todas as gorduras e óleos, de
origem animal ou vegetal, são algum tipo de combinação de ácidos graxos
saturados, ácidos graxos monoinsaturados, ácidos linoleicos poliinsaturados e
ácidos linolênicos. Em geral, gorduras animais como manteiga, banha e sebo,
contêm cerca de 40 a 60% de gordura saturada e são sólidas à temperatura
ambiente.
Óleos vegetais de climas do norte
contêm uma preponderância de ácidos graxos poliinsaturados e são líquidos à
temperatura ambiente. Os óleos vegetais dos trópicos são altamente saturados. A
gordura de coco, por exemplo, é 92% saturada. Essas gorduras são líquidas nos
trópicos, mas duras como manteiga em climas do norte. Os óleos vegetais são
mais saturadas nos climas quentes porque uma saturação mais elevada ajuda a
manter a firmeza nas folhas das plantas. O azeite de oliva, com sua
preponderância de ácido oleico, é produto de um clima temperado. Ele é líquido
em temperaturas quentes, mas endurece quando refrigerado.
Classificação
dos ácidos graxos pelo comprimento
Os pesquisadores não classificam
os ácidos apenas pelo grau de saturação, mas também pelo comprimento.
Cadeias curtas - São ácidos graxos que têm de 4
a 6 átomos de carbono. Essas gorduras são sempre saturadas. O ácido butírico
(de 4 carbonos) é encontrado principalmente na gordura da manteiga do leite de
vaca. O ácido cáprico de 6 carbonos é encontrado principalmente na manteiga do
leite de cabras. Esses ácidos graxos têm propriedades antimicrobianas, isto é,
eles nos protegem contra vírus, levedos e bactérias patogênicas do intestino.
Eles não precisam sofrer a ação dos sais biliares e são absorvidos diretamente,
para geração rápida de energia. Por essa razão, são menos propensos a causar
aumento de peso do que o azeite de oliva ou os óleos vegetais comerciais.27
Os ácidos graxos de cadeia curta também contribuem para a saúde do sistema
imunológico.28
Cadeias médias - São ácidos graxos com 8 a 12
átomos de carbono, e são encontrados principalmente na manteiga e nos óleos
tropicais. Assim com os ácidos graxos de cadeia curta, essas gorduras possuem
propriedades antimicrobianas. São absorvidos diretamente, para produção rápida
de energia, e contribuem para a saúde do sistema imunológico.
Cadeias longas - São os que têm de 14 a 18
átomos de carbono e podem ser saturados, monoinsaturados ou poliinsaturados. O
esteárico é um ácido graxo saturado com 18 carbonos, encontrado principalmente
na carne de gado e no sebo de ovelha. O ácido oléico é uma gordura
monoinsaturada de 18 carbonos e é o principal componente do azeite de oliva.
Outro ácido graxo monoinsaturado
e com 16 carbonos é o ácido palmitoleico, o qual possui fortes propriedades
antimicrobianas. É encontrado quase que exclusivamente nas gorduras animais.
Outro ácido graxo importante e de cadeia longa é o ácido gama-linolênico (GLA,
em inglês), com 18 carbonos e três ligações duplas. É encontrado nos óleos da
onagra (evening primrose), borago e groselha preta. Nosso organismo
produz o GLA a partir do ácido linoleico ômega-6 e o utiliza na produção de
substâncias chamadas prostaglandinas, hormônios de tecidos localizados e
que regulam muitos processos no âmbito celular.
Ácidos graxos de cadeias muito
longas possuem de 20 a 24 átomos de carbono. Eles tendem a ser altamente insaturados,
com quatro, cinco ou seis ligações duplas. Algumas pessoas conseguem
produzi-los a partir dos EFAs. Mas outras pessoas, especialmente aquelas cujos
ancestrais comiam muito peixe, não possuem as enzimas necessárias para
produzi-los. Esses "carnívoros forçados" precisam obtê-los a partir
de alimentos de origem animal, como carnes de órgãos, gema de ovos, manteiga e
óleos de peixe.
Os ácidos graxos de cadeias muito
longas mais importantes são o ácido dihomo-gamalinolênico (DGLA, em inglês),
com 20 carbonos e três ligações duplas, o ácido araquidônico (AA), com 20
carbonos e quatro ligações duplas, o ácido eicosanopentanóico (EPA), com 20
carbonos e cinco ligações duplas, e o ácido docosaexanóico (DHA), com 22
carbonos e seis ligações duplas. Todos esses, com exceção do DHA, são
utilizados na produção de prostaglandinas. Além disso, os AA e o DHA
desempenham importantes papéis no funcionamento do sistema nervoso.29
Os perigos dos poliinsaturados
O público tem sido alimentado com
uma grande quantidade de desinformação sobre as relativas virtudes das gorduras
saturadas em comparação com os óleos poliinsaturados. Os gurus das dietas
politicamente corretas nos dizem que os óleos poliinsaturados nos fazem bem e
que as gorduras saturadas causam câncer e doenças cardíacas. Como resultado,
mudanças fundamentais têm ocorrido nas dietas ocidentais.
Na virada do século XX, a maioria
dos ácidos graxos na dieta alimentar era de saturados ou monoinsaturados,
fundamentalmente da manteiga, banha, sebo, gordura de coco e pequenas
quantidades de azeite de oliva. Hoje a maioria das gorduras na dieta é de
poliinsaturados de óleos vegetais, derivados principalmente da soja, bem como
do milho, cártamo e canola.
As dietas modernas podem conter
até 30% de calorias na forma de óleos poliinsaturados, porém a pesquisa
científica indica que essa quantidade é demasiadamente elevada. As melhores
evidências indicam que a nossa ingestão de poliinsaturados não deve ser maior
que 4% das calorias totais, na proporção aproximada de 2% de ácido linolênico
ômega-3 e 2% de ácido linoleico ômega-6.30
Um consumo de EFA nessa faixa
ideal é encontrado em populações nativas de regiões temperadas e tropicais,
cuja ingestão de óleos poliinsaturados vem de pequenas quantidades dos legumes,
grãos, nozes, hortaliças verdes, peixes, azeite de oliva e gorduras animais,
mas não de óleos vegetais comerciais.
O excessivo consumo de óleos
poliinsaturado tem demonstrado contribuir para um grande número de doenças,
inclusive aumento de câncer e doenças cardíacas; disfunções do sistema
imunológico; danos no fígado, pulmão e órgãos reprodutivos; distúrbios
digestivos; diminuição na capacidade de aprendizagem; crescimento prejudicado;
e aumento de peso.31
Uma das razões de os
poliinsaturados causarem tantos problemas de saúde é que eles tendem a ficar
oxidados ou rançosos quando submetidos ao calor, oxigênio e umidade, como no
cozimento e processamento. Os óleos rançosos são caracterizados por radicais
livres (um átomo ou grupo de átomos contendo um elétron desemparelhado na
órbita externa). Esses compostos são extremamente reativos quimicamente.
Eles têm sido caracterizados como
“saqueadores” do organismo, pois atacam as membranas das células e os glóbulos
vermelhos e causam danos nas cadeias de DNA/RNA, desencadeando dessa forma
mutações nos tecidos, vasos sangüíneos e pele. Os danos dos radicais livres
causam rugas e envelhecimento precoce, preparam o terreno para os tumores e
iniciam o acúmulo de placas nos vasos sangüíneos.
Então, não é de se admirar que
exames e estudos tenham repetidamente demonstrado uma alta correlação entre
câncer e doenças cardíacas com o consumo de poliinsaturados.32 Novos
indícios relacionam a exposição a radicais livres com o envelhecimento precoce,
doenças auto-imunes (como a artrite) e com o mal de Parkinson, doença de Lou
Gehrig, mal de Alzheimer e cataratas.33
Excesso de ômega-6
Os problemas associados com
excesso de poliinsaturados são exacerbados pelo fato de que a maioria dos
poliinsaturados nos óleos vegetais comerciais se encontra na forma de ácido
linoleico ômega-6 duplamente insaturado, contendo muito pouco do vital ácido
linolênico ômega-3 triplamente insaturado.
Pesquisa recente revelou que um
excesso de ômega-6 na dieta alimentar cria um desequilíbrio que pode interferir
na produção de importantes prostaglandinas.34 Essa ruptura pode
resultar numa tendência crescente de formar coágulos sangüíneos, inflamações,
pressão alta, irritação do trato digestivo, repressão da função imunológica,
esterilidade, proliferação de células, câncer e aumento de peso.35
Falta de ômega-3
Vários pesquisadores têm
argumentado que, juntamente com um excesso de ácidos graxos ômega-6, a dieta
alimentar norte-americana é deficiente no ácido linolênico ômega-3, mais
insaturado. Esse ácido graxo é necessário para oxidação das células, para
metabolizar importantes aminoácidos que contêm enxofre, e para manter o
equilíbrio adequado na produção de prostaglandinas. Essas deficiências têm sido
associadas com asma, doenças cardíacas e deficiências de aprendizagem.36
A maioria dos óleos vegetais
comerciais contém muito pouco ácido linolênico ômega-3 e grandes quantidades de
ácido linoleico ômega-6. Além disso, as modernas práticas agrárias e
industriais têm reduzido a quantidade de ômega-3 nos óleos vegetais disponíveis
no mercado, nos ovos, peixes e carnes. Por exemplo, ovos orgânicos de galinhas
que se alimentam de insetos e plantas verdes, podem conter ácidos graxos
ômega-6 e ômega-3 na boa proporção de aproximadamente um para um (1:1). Mas os
ovos comerciais de supermercado podem conter até 19 vezes mais ômega-6 que
ômega-3... 37
Benefícios das gorduras saturadas
As tão difamadas gorduras
saturadas (que as pessoas estão tentando evitar) não são a causa das doenças
modernas. Na realidade, elas desempenham importantes papéis na química do nosso
corpo:
·
Os ácidos
saturados constituem pelo menos 50% das membranas das células. Eles são o que
dá às nossas células a necessária firmeza e integridade.
·
Eles
desempenham um papel vital na saúde dos nossos ossos. Para que o cálcio possa
ser eficazmente incorporado à estrutura óssea, pelo menos 50% das gorduras
oriundas da dieta alimentar precisam ser saturadas.38
·
Eles
diminuem a Lp(a), uma substância do sangue que indica tendência a doenças
cardíacas.39 Eles protegem o fígado contra o álcool e outras
toxinas, como o Tylenol.40
·
Eles
fortificam o sistema imunológico.41
·
Eles são
necessários para utilização adequada dos ácidos graxos essenciais. Os ácidos
graxos ômega-3 alongados são melhor retidos nos tecidos quando a dieta
alimentar é rica em gorduras saturadas.42
·
O ácido
esteárico saturado de 18 carbonos e o ácido palmítico de 16 carbonos são os
nutrientes preferidos do nosso coração - é por isso que a gordura em redor do
músculo cardíaco é altamente saturada.43 O coração recorre a essa
reserva de gordura em tempos de estresse.
·
Ácidos graxos
saturados com cadeias curtas e médias têm importantes propriedades
antimicrobianas. Eles nos protegem contra microrganismos prejudiciais do trato
digestivo.
As provas científicas, avaliadas
de forma honesta, não dão suporte à alegação de que gorduras saturadas
"entupidoras de artérias" causam doenças cardíacas.44 Na
verdade, a avaliação dos depósitos encontrados nas artérias revela que apenas
26% são saturados. O restante é insaturado, do qual mais da metade é
poliinsaturado.45
E o colesterol?
E quanto ao colesterol? Aqui
também o público tem sido desinformado. Os nossos vasos sangüíneos podem ser
danificados de várias formas – irritações causadas por radicais livres ou
vírus, ou por estarem estruturalmente enfraquecidos – e quando isso acontece,
uma substância reparadora natural do organismo entra em cena para consertar o
estrago.
Essa substância é o colesterol. O
colesterol é um álcool de elevado peso molecular, que é fabricado no fígado e
na maioria das células humanas. Assim como as gorduras saturadas, o colesterol
que produzimos e consumimos desempenham muitas funções vitais:
·
Juntamente
com a gordura saturada, o colesterol na membrana celular dá às nossas células
as necessárias rigidez e estabilidade. Quando a dieta alimentar contém um
excesso de ácidos graxos poliinsaturados, eles substituem os ácidos graxos
saturados na membrana da célula, e então a parede celular torna-se
"molóide".
·
Quando
isso acontece, o colesterol do sangue é desviado para os tecidos, a fim de lhes
propiciar integridade estrutural. É por isso que os níveis de colesterol
sorológico podem cair temporariamente, quando substituímos gorduras saturadas
por óleos poliinsaturados na dieta alimentar.46
·
O
colesterol age como um precursor dos corticóides vitais, hormônios que nos
ajudam a lidar com o estresse e protegem nosso organismo contra o câncer e
doenças cardíacas, e como precursor dos hormônios sexuais, como os androgênios,
testosterona, estrogênio e progesterona.
·
O
colesterol é um precursor da vitamina D, uma vitamina lipossolúvel muito
importante, necessária para termos ossos saudáveis e para o sistema nervoso,
para um crescimento adequado, metabolismo mineral, tônus muscular, produção de
insulina, e funcionamento dos sistemas reprodutivo e imunológico.
·
O sais
biliares são feitos do colesterol. A bile é vital para digestão e assimilação
de gorduras da dieta.
·
Pesquisa
recente demonstra que o colesterol age como um antioxidante.47 Essa
é a provável explicação para o fato de os níveis de colesterol subirem com o
passar da idade. Como antioxidante, o colesterol protege-nos contra danos dos
radicais livres, que causam doenças cardíacas e câncer.
·
O
colesterol é necessário para um funcionamento adequado dos receptores de
serotonina no cérebro.48 A serotonina é um produto químico natural
do nosso corpo e que produz um sentimento de bem-estar. Baixos níveis de
colesterol têm sido relacionados com comportamento agressivo e violento,
depressão e tendências suicidas.
·
O leite
materno é particularmente rico em colesterol e contém uma enzima especial, que
ajuda o nenê a utilizar esse nutriente. Os nenês e as crianças precisam de
alimentos ricos em colesterol durante todos os anos de crescimento, para garantir
um desenvolvimento adequado do cérebro e do sistema nervoso.
·
O
colesterol oriundo da dieta alimentar desempenha um importante papel na
manutenção da saúde da parede intestinal.49 É por isso que
dietas vegetarianas com pouco colesterol podem levar à síndrome do intestino
permeável e a outros problemas intestinais.
O colesterol não é a causa das
doenças cardíacas, mas sim uma potente arma antioxidante contra os radicais
livres no sangue, e uma substância reparadora que ajuda a curar os danos
arteriais (apesar de as placas arteriais conterem um pouco de colesterol).
Porém, assim como as gorduras, o
colesterol pode ser danificado por exposição ao calor e ao oxigênio. Esse
colesterol danificado ou oxidado parece promover ferimentos nas células
arteriais, bem como acúmulo patológico de placas nas artérias.50
Colesterol danificado é encontrado nos ovos em pó, no leite em pó (adicionado
para encorpar leites com gordura reduzida), além de carnes e gorduras que
tenham sido aquecidos em frituras e outros processos de alta temperatura.
Altos níveis sorológicos de
colesterol muitas vezes indicam que o organismo precisa de colesterol para
proteger-se contra altos níveis de gorduras alteradas e com radicais livres. Da
mesma forma que uma numerosa força policial é necessária numa localidade onde
ocorrem muitos crimes, também o colesterol é necessário num organismo
pobremente nutrido, para proteger o indivíduo contra as tendências de doenças
cardíacas e câncer. Culpar o colesterol pelas doenças cardiocoronárias é como
culpar a polícia pelos roubos e assassinatos numa área onde o crime é elevado.
O funcionamento deficiente da
tireóide (hipotireoidismo) muitas vezes resulta em altos níveis de colesterol.
Quando o funcionamento da tireóide é deficiente, normalmente devido a uma dieta
com muito açúcar e pouco iodo utilizável, poucas vitaminas lipossolúveis e
outros nutrientes, o organismo inunda o sangue com colesterol, como um
mecanismo adaptador e protetor, propiciando uma superabundância de materiais necessários
para curar tecidos e produzir esteróides protetores. Pessoas com
hipotireoidismo são particularmente suscetíveis a infecções, doenças cardíacas
e câncer.51
N. do T. Ver também artigo na e-coluna
do Dr. Joseph Mercola <www.mercola.com>,
ed. 361 (de 21-09-02), do médico sueco Uffe Ravnskov <uffe.ravnskov@swipnet.se>.
O Dr. Ravnskov (autor do livro The Cholesterol Myths – "Os Mitos do
Colesterol", ISBN 0-9670897-0-0, New Trends Publishing Inc.) é porta-voz
do crescente grupo internacional de cientistas, médicos e pesquisadores
acadêmicos de vários países chamado International Network of Cholesterol
Skeptics (algo como "Rede Internacional de Profissionais Descrentes do
Colesterol"), que questiona o dogma de que colesterol e gorduras saturadas
na dieta alimentar causam doenças cardíacas. Eles alegam que não apenas não
existe prova que apóie essa hipótese, mas também as evidências científicas
disponíveis claramente contradizem essa alegação. Além disso, eles alertam para
as gerações de diabéticos e obesos (esses sim, candidatos a problemas
cardíacos) resultantes desse equivocado patrulhamento contra as gorduras
saturadas e o colesterol.
Causa e tratamento das doenças
cardíacas
As causas das doenças cardíacas
não são as gorduras animais e o colesterol, mas sim vários fatores inerentes às
dietas modernas, incluindo o consumo excessivo de óleos vegetais e gorduras
hidrogenadas, excessivo consumo de carboidratos (ma forma de açúcar e farinha
branca), deficiências minerais (em especial o baixo nível de magnésio e iodo),
deficiências de vitaminas (em especial da vitamina C, necessária para
integridade das paredes dos vasos sangüíneos) e de antioxidantes (como selênio
e vitamina E, que nos protegem dos radicais livres) e, por último, o
desaparecimento das gorduras antimicrobianas dos alimentos, ou seja, as
gorduras animais e os óleos tropicais.52 Esses, antigamente, nos
protegiam contra os tipos de vírus e bactérias que têm sido associados com o
início das placas patogênicas que levam a doenças cardíacas.
Embora os níveis sorológicos de
colesterol propiciem uma indicação imprecisa de futuras doenças cardíacas, um
elevado nível no sangue da substância chamada homocisteína tem sido
positivamente relacionado com a formação patológica de placas nas artérias e
com a tendência de formar coágulos – uma combinação fatal. Ácido fólico,
vitamina B-6, vitamina B-12 e colina são nutrientes que reduzem os níveis
sorológicos de homocisteína.53 Esses nutrientes são encontrados
principalmente nos alimentos de origem animal.
A melhor forma de tratar doenças
cardíacas, então, não é tentando diminuir o colesterol, seja por meio de
medicamentos ou através da dieta alimentar, mas sim:
·
adotando
uma dieta com alimentos de origem animal ricos em vitaminas B-6 e B-12;
·
ajudando
o funcionamento da tireóide, através do uso diário de sal marinho natural - uma
boa fonte de iodo utilizável;
·
evitando
deficiências vitamínicas e minerais, que tornam as paredes arteriais mais
suscetíveis a rupturas e à formação de placas;
·
incluindo
gorduras antimicrobianas na dieta alimentar; e
·
eliminando
alimentos processados contendo carboidratos refinados e colesterol oxidado, bem
como óleos vegetais contendo radicais livres, que fazem com que o organismo
necessite de constantes reparos.
Métodos modernos de processamento
das gorduras
É importante entender que, de
todas as substâncias ingeridas pelo nosso organismo, os óleos poliinsaturados
são as que mais facilmente tornam-se perigosas no processamento industrial de
alimentos, especialmente o instável ácido linolênico ômega-3. Considere os
seguintes processos a que são submetidos ácidos graxos que ocorrem
naturalmente, antes que eles cheguem à sua mesa:
Extração - Os óleos que ocorrem
naturalmente em frutas, nozes e sementes precisam primeiro ser extraídos.
Antigamente, essa extração se fazia com prensas de pedra, que se moviam
lentamente. Mas atualmente os óleos processados nas grandes fábricas são
obtidos esmagando-se as semente oleosas e aquecendo-as a 230 graus.
O óleo é então obtido por compressão,
com pressões que variam de 10 a 20 toneladas por polegada, gerando assim mais
calor. Durante esse processo, os óleos são expostos à luz e ao oxigênio, que os
danificam. Para extrair os 10% restantes de óleo das sementes esmagadas, os
processadores tratam a polpa com vários tipos de solvente – normalmente o
hexano. O solvente é então removido por meio de fervura, embora até 100 partes
por milhão possam permanecer no óleo. Esses solventes, que já são tóxicos,
retêm os pesticidas aderidos às sementes e grãos antes do processamento.
A alta temperatura do
processamento faz com que as fracas ligações de carbono dos ácidos graxos
insaturados (especialmente o ácido linolênico) se rompam, criando assim
perigosos radicais livres. Além disso, antioxidantes como a lipossolúvel
vitamina E (que protege o organismo contra a devastação dos radicais livres)
são neutralizados ou destruídos pelas altas temperaturas e pressões. O BHT e o
BHA, ambos suspeitos de causarem câncer e danos cerebrais, são muitas vezes
adicionados a esses óleos, para substituir a vitamina E e outros conservantes
naturais destruídos pelo aquecimento.
Existe uma técnica moderna e
segura para extração, que perfura a semente e extrai o óleo com sua preciosa
carga de antioxidantes, sob baixas temperaturas e com mínima exposição à luz e
ao oxigênio. Esses óleos não refinados permanecem frescos por um longo período,
se guardados no refrigerador em garrafas escuras.
O azeite de oliva extra virgem é
produzido por esmagamento das azeitonas por pedras, ou por rolos de aço inox.
Esse é um processo suave, que preserva a integridade dos ácidos graxos e dos
numerosos conservantes naturais existentes nesse azeite. Se armazenado em
recipiente opaco, o azeite de oliva reterá seu frescor e sua preciosa carga de
antioxidantes durante muitos anos.
Hidrogenização - É o processo que transforma os
poliinsaturados (normalmente líquidos à temperatura ambiente) em gorduras que
são sólidas na temperatura ambiente – margarina e gordura para fritura. Para
produzi-los, os fabricantes começam com os óleos mais baratos - soja, milho,
algodão ou canola, já tornados râncidos pelo processo de extração, e os
misturam com minúsculas partículas de metal, usualmente o óxido de níquel
(catalisador).
O óleo com esse níquel é então
submetido ao gás hidrogênio, num reator de alta pressão e alta temperatura. A
seguir, amido e emulsificadores tipo sabão são injetados na mistura, para dar
maior consistência, e o óleo é novamente submetido a altas temperaturas, para
ser limpo a vapor. Isso remove o odor desagradável. A cor natural da margarina,
um cinza nada apetitoso, é removida por alvejante. Corantes e fortes
flavorizantes são então acrescentados, para torná-la semelhante à manteiga. Por
último, a mistura é comprimida e acondicionada em blocos ou tubos e vendida
como um produto saudável.
Gorduras e margarinas
parcialmente hidrogenadas são ainda piores para a saúde do que os óleos
vegetais altamente refinados dos quais elas são feitas, por causa das
alterações químicas que ocorrem no processo de hidrogenização. Sob altas
temperaturas, o catalisador (níquel) faz com o que o átomo de hidrogênio mude
de posição na cadeia do ácido graxo.
Antes da hidrogenização, pares de
átomos de hidrogênio ocorrem juntos, fazendo com que a cadeia se curve
ligeiramente e criando uma concentração de elétrons no local da ligação dupla.
Isso é chamado de "formação cis", a configuração mais comumente
encontrada na natureza. Com a hidrogenização, um átomo de hidrogênio do par é
movido para o outro lado, fazendo com que a molécula fique reta. Isso é chamado
de “formação trans”, raramente encontrada na natureza.
A maior parte dessas gorduras
trans artificiais são toxinas para o organismo humano, mas infelizmente o nosso
sistema digestivo não as reconhece como tal. Em vez de serem eliminadas, as
gorduras trans são incorporadas às membranas das células, como se fossem
gorduras cis - na verdade, as nossas células tornam-se parcialmente
hidrogenadas! Uma vez estabelecidos, os ácidos graxos trans, com seus átomos de
hidrogênio deslocados, provocam devastação no metabolismo das células, pois as
reações químicas somente podem ocorrer quando os elétrons das membranas
celulares seguem um certo arranjo ou padrão, o que é alterado pelo processo de
hidrogenização.
Na década de 40, pesquisadores
encontraram uma forte correlação entre câncer e o consumo de gorduras – as
gorduras usadas nos estudos foram as hidrogenadas, embora os resultados tenham
sido apresentados como se as culpadas fossem as gorduras saturadas.54
Na verdade, até recentemente as gorduras saturadas eram englobadas junto com as
gorduras trans nos diversos bancos de dados norte-americanos que os
pesquisadores usavam para correlacionar tendências dietéticas com doenças.55
Assim, as gorduras saturadas naturais foram pichadas com o pincel dos óleos
vegetais hidrogenados não naturais.
Gorduras alteradas e parcialmente
hidrogenadas feitas a partir de óleos vegetais na realidade bloqueiam a
utilização dos ácidos graxos essenciais, causando muitos efeitos nocivos,
inclusive disfunções sexuais, aumento do colesterol no sangue e paralisia do
sistema imunológico.56
O consumo de gordura hidrogenada
está associado com uma série de outras doenças graves, não apenas câncer, mas
também aterosclerose, diabetes, obesidade, disfunções no sistema imunológico,
recém-nascidos com baixo peso, defeitos de nascimento, menor acuidade visual,
esterilidade, dificuldades na lactação e problemas com ossos e tendões.57
Apesar disso tudo, as gorduras
hidrogenadas continuam sendo promovidas como alimentos saudáveis. A maior
popularidade das margarinas parcialmente hidrogenadas em relação à manteiga
representa o triunfo da fraude publicitária sobre o bom senso.
Homogeneização - É o processo pelo qual
partículas de gordura do creme são forçadas através de minúsculos poros e sob
grande pressão. As partículas de gordura resultantes são tão pequenas que ficam
em suspensão, em vez de subirem para a superfície do leite. Isso torna a
gordura e o colesterol mais suscetíveis à rancidez e à oxidação, e algumas
pesquisas indicam que as gorduras homogeneizadas podem contribuir para as
doenças cardíacas.58
O constante ataque da mídia às
gorduras saturadas é altamente suspeito. Alegações de que a manteiga causa
crônicos valores elevados de colesterol não têm sido substanciadas por
pesquisas – embora alguns estudos mostrem que o consumo de manteiga causa uma
pequena e temporária elevação, enquanto outros estudos demonstrem que o ácido
esteárico, o principal componente da gordura da carne de gado, na realidade
diminui o colesterol.59
A margarina, por outro lado,
provoca crônicos e elevados níveis de colesterol, e tem sido relacionada tanto
a doenças cardíacas quanto ao câncer.60 As novas margarinas “soft”,
ou pastas em bisnagas para passar no pão, apesar de conterem menos gorduras
hidrogenadas, ainda são produzidas a partir de óleos vegetais râncidos e contêm
muitos aditivos.
O "dietocratas"
conseguiram convencer as pessoas de que a manteiga é perigosa, quando na
realidade ela é um valioso componente de muitas dietas de culturas tradicionais
e fonte dos seguintes nutrientes:
Vitaminas lipossolúveis, vitaminas solúveis na
gordura. Incluem a vitamina A (retinol), vitamina D, vitamina K e vitamina E,
bem como todos os seus co-fatores que ocorrem naturalmente e que são
necessários para se obter efeito máximo. A manteiga é a melhor fonte desses
importantes nutrientes. Na verdade, a vitamina A é mais facilmente absorvida e
utilizada se oriunda da manteiga que de qualquer outra fonte.61
Felizmente, essas vitaminas lipossolúveis são relativamente estáveis e
sobrevivem ao processo de pasteurização.
Quando o Dr. Weston Price estudou
povos isolados tradicionais ao redor do mundo, ele descobriu que a manteiga era
básica em muitas dietas nativas. (Ele não achou nenhum povo isolado que
consumisse óleos poliinsaturados). Os grupos que ele estudou valorizavam
particularmente a manteiga amarelo-escuro, produzida a partir do leite de vacas
que se alimentavam de grama verde de rápido crescimento. Por intuição natural,
eles sabiam que suas qualidades revigorantes eram especialmente benéficas para
crianças e grávidas.
E quando o Dr. Price analisou
essa manteiga de amarelo escuro, descobriu que ela era excepcionalmente rica em
vitaminas lipossolúveis, especialmente a vitamina A. Ele chamou essas vitaminas
de catalisadores ou “ativadores”. Sem elas, segundo o Dr. Price, não vamos
conseguir utilizar os minerais que ingerimos, não importa o quanto eles sejam
abundantes em nossa dieta alimentar. Ele também acreditava que as vitaminas
lipossolúveis são necessárias para absorção das vitaminas hidrossolúveis
(solúveis em água).
As vitaminas A e D são essenciais
para o crescimento, para o desenvolvimento adequado do cérebro e do sistema
nervoso e para o desenvolvimento sexual normal. Muitos estudos têm demonstrado
a importância da gordura da manteiga para a reprodução. Sua ausência resulta em
“castração nutricional”, a falha na produção das características sexuais
masculinas e femininas. À medida que o consumo de manteiga declinou no
Ocidente, aumentaram as taxas de esterilidade e os problemas de desenvolvimento
sexual. Em bezerros, os substitutos da manteiga não conseguem promover o
crescimento ou manter a reprodução.62
Nem todas as sociedades que o Dr.
Price estudou ingeriam manteiga. Mas todos os grupos que observou não mediam
esforços para obter alimentos ricos em vitaminas lipossolúveis – peixes,
mariscos, ovas de peixes, carnes de órgãos, gorduras de animais marinhos e
insetos. Sem saber os nomes das vitaminas contidas nesses alimentos, as
sociedades tradicionais isolados reconheciam sua importância na dieta alimentar
e comiam generosamente os produtos animais que as continham. Eles acreditavam,
acertadamente, que esses alimentos eram necessários para a fertilidade e
desenvolvimento ideal das crianças.
O Dr. Price analisou o conteúdo
nutritivo das dietas nativas e descobriu que ele sempre propiciava cerca de dez
vezes mais vitaminas lipossolúveis que a dieta dos norte-americanos de 1930. Essa
proporção é provavelmente maior ainda hoje, pois os norte-americanos têm
deliberadamente reduzido o consumo de gordura animal. O Dr. Price percebeu que
essas vitaminas lipossolúveis promoviam a bonita estrutura óssea, o amplo
palato, os dentes perfeitos e alinhados, e os rostos bonitos e
bem-proporcionados que caracterizavam os membros de grupos tradicionais
isolados.
As crianças em geral não comem
peixe ou carnes de órgãos, pelo menos não em grandes quantidades, e gordura de
baleia e insetos não fazem parte da dieta ocidental. Muitos não comem ovos. A
única boa fonte de vitaminas lipossolúveis na dieta norte-americana, que pode
certamente ser comida, é a manteiga. A manteiga adicionada às verduras e
passada no pão, assim como a nata adicionada às sopas e molhos, asseguram a
assimilação adequada dos minerais e das vitaminas hidrossolúveis das verduras,
cereais e carnes.
O fator Wulzen - Chamado de fator
"anti-rigidez", esse componente está presente na gordura animal
natural. A pesquisadora Rosalind Wulzen descobriu que essa substância protege
humanos e animais contra a calcificação das juntas (artrite degenerativa). Ela
também protege contra o endurecimento das artérias, cataratas e calcificação da
glândula pineal.63 Bezerros alimentados com leite pasteurizado ou
leite desnatado produzem rigidez nas junta e não se desenvolvem. Seus sintomas
são revertidos quando se acrescenta gordura natural de manteiga à dieta. A
pasteurização destrói o fator Wulzen - ele está presente apenas na manteiga
bruta, nata e leite integral.
O fator Price, ou ativador X - Descoberto pelo Dr. Price o
ativador X é um poderoso catalisador que, assim como as vitaminas A e D, ajuda
o nosso corpo a absorver e utilizar os minerais. Ele é encontrado em carnes de
órgãos de animais de pasto (não alimentadas com ração) e em alguns frutos do
mar. A manteiga pode ser uma fonte especialmente rica em ativador X, quando
oriunda de vacas que comem grama de crescimento rápido, na primavera e no
outono. Ele desaparece nas vacas alimentadas com rações de caroço de algodão,
ou com rações de alta proteína à base de soja.64 Felizmente, o
ativador X não é destruído pela pasteurização.
Ácido araquidônico - É um poliinsaturado de 20
carbonos com quatro ligações duplas, encontrado em pequenas quantidades somente
em gorduras animais. O ácido araquidônico (AA) desempenha um papel no
funcionamento do cérebro, é um componente vital nas membranas das células,
sendo um precursor de importantes prostaglandinas. Alguns gurus dietéticos
alertam contra a ingestão de alimentos ricos em AA, alegando que ele contribui
para a produção das prostaglandinas “ruins”, aquelas que causam inflamações.
Porém, as prostaglandinas que agem contra as inflamações também são feitas a
partir do AA.
Ácidos graxos de cadeias curtas e
médias - A
manteiga contém cerca de 12 a 15% de ácidos graxos com cadeias curtas e médias.
Esse tipo de gordura saturada não necessita ser emulsificada por sais biliares,
sendo absorvida diretamente através do intestino delgado para o fígado, onde é
convertida em energia rápida. Esses ácidos graxos também possuem propriedades
antimicrobianas, anti-tumor e de apoio ao sistema imunológico, especialmente o
ácido láurico de 12 carbonos, de cadeia média e não encontrado em outras
gorduras animais.
O altamente protetor ácido
láurico devia ser chamado de "ácido graxo condicionalmente
essencial", porque ele é produzido apenas pelas glândulas mamárias e não
no fígado, como outras gorduras saturadas.65 Precisamos obtê-lo de
duas fontes dietéticas - pequenas quantidades na manteiga, ou grandes
quantidades na gordura de coco. O ácido butírico de quatro carbonos é exclusivo
da manteiga. Ele tem propriedades antifúngicas e efeitos anti-timores.66
Ácidos graxos essenciais ômega-6
e ômega-3 -
Ocorrem na manteiga em pequenas mas praticamente iguais quantidades. Esse
excelente equilíbrio entre ácido linoleico e ácido linolênico evita os tipos de
problemas associados com excesso de consumo de ômega-6.
Ácido linoleico conjugado - A manteiga oriunda de vacas de
pasto (não alimentadas com ração) também contém uma forma reagrupada chamada
ácido linoleico conjugado (CLA, em inglês), que possui fortes propriedades
anticâncer. Ele também estimula a formação de músculos e previne o aumento de
peso. O CLA desaparece quando as vacas são alimentadas com forragem seca ou com
rações processadas.67
Lecitina - A lecitina é um componente
natural da manteiga que auxilia na assimilação adequada e na metabolização do
colesterol e de outros constituintes da gordura.
Colesterol - O leite materno contém altos
níveis de colesterol porque ele é essencial para o crescimento e o
desenvolvimento. O colesterol também é necessário para a produção de diversos
esteróides que protegem contra o câncer, doenças cardíacas e doenças mentais.
Glicoesfingolipídios - Este tipo de gordura protege
contra infecções gastrointestinais, especialmente nos muito jovens e nos
idosos. Por essa razão, crianças que bebem leite desnatado têm taxas de
diarréia três a cinco vezes mais altas do que as que tomam leite integral.68
Micronutrientes - Muitos micronutrientes estão
incorporados na membrana do glóbulo gorduroso da manteiga, incluindo manganês,
zinco, cromo e iodo. Em áreas montanhosas e distantes do mar, o iodo da
manteiga protege contra o bócio (papo). A manteiga é extremamente rica em
selênio, um micronutriente com propriedades antioxidantes, numa maior
concentração por grama que o arenque ou o germe de trigo.
Uma objeção constantemente ouvida
contra o consumo de manteiga e de outras gorduras animais é a de que elas
tendem a acumular venenos ambientais. Venenos lipossolúveis, como o DDT,
realmente se acumulam na manteiga. Mas os venenos hidrossolúveis, como os
antibióticos e o hormônio do crescimento, acumulam-se na fração aquosa do leite
e das carnes.
As verduras e os grãos também
acumulam venenos. Uma lavoura típica recebe dez aplicações de pesticidas (desde
o plantio até a armazenagem), ao passo que as vacas geralmente pastam em campos
não pulverizados. A aflatoxina, um fungo que cresce nos grãos, é um dos mais
potentes carcinógenos conhecidos.
É correto supor que todos os
nossos alimentos, sejam de origem animal ou vegetal, estejam contaminados. A
solução para os venenos ambientais não é eliminar as gorduras animais (tão
essenciais ao crescimento, à reprodução e à saúde em geral), mas sim procurar
obter carnes orgânicas e manteiga oriunda de vacas alimentadas em pastagens,
bem como verduras e grãos orgânicos. Esse tipo de alimento está se tornando
cada vez mais disponível em lojas de alimentos naturais, supermercados, por
encomenda postal e em cooperativas.
Composição
das diversas gorduras
Antes de sairmos deste complexo
mas vital assunto das gorduras, vale a pena examinar a composição dos óleos
vegetais e de outras gorduras animais, a fim de verificar sua utilidade e
adequação na preparação dos alimentos..
Gorduras de patos e de gansos - São semi-sólidas à temperatura
ambiente, contendo cerca de 35 por cento de gordura saturada, 52% de gordura
monoinsaturada (incluindo pequenas quantidades de ácido palmitoleico,
antimicrobiano) e cerca de 13 por cento de gordura poliinsaturada. A proporção
entre ômega-6 e ômega-3 depende do tipo de alimentação dessas aves. As gorduras
de pato e de ganso são bastante estáveis e muito apreciadas na Europa para a
fritura de batatas.
Gordura de frango - Cerca de 31% são saturadas,
49% são monoinsaturadas (incluindo quantidades moderadas de ácido palmitoleico)
e 20% são poliinsaturadas - a maioria ômega-6, embora a quantidade de ômega-3
possa ser aumentada se as galinhas forem alimentadas com linho ou farinha de
peixe, ou deixando que elas andem livremente e comam insetos. Apesar de serem
amplamente utilizadas em cozinhas kosher, ela é inferior às gorduras de
patos e de gansos, que eram tradicionalmente preferidas à gordura de frango na
cozinha judaica.
Banha, ou banha de porco, é cerca de
40% saturada, 48% monoinsaturada (incluindo pequenas quantidades de ácido
palmitoleico) e 12% poliinsaturada. Assim como a gordura das aves, as
quantidades de ômega-6 e ômega-3 vão depender da alimentação que o porco
recebeu. Nos trópicos, a banha pode também ser uma fonte de ácido láurico, caso
o porco tenha sido alimentado com coco.
Assim como a gordura dos patos e
dos gansos, a banha é estável, sendo a gordura preferida para frituras. Ela foi
largamente utilizada nas Américas na virada do século XX. É uma boa fonte de
vitamina D. Alguns pesquisadores acreditam que os produtos suínos devem ser
evitados porque eles podem contribuir para o câncer. Outros sugerem que apenas
a carne de porco apresenta problemas e que a gordura de porco na forma de banha
é segura e saudável.
Sebo de gado e ovelha - São
50-55% saturados, cerca de 40% monoinsaturados e contêm pequenas quantidades de
poliinsaturados, geralmente menos de 3 por cento. O sebo é uma gordura muito
estável e pode ser usada para fritura.
Azeite de oliva - Contém 75% de ácido oleico
(gordura monoinsaturada estável), além de 13% de gordura saturada, 10% de
ômega-6 e 2% de ômega-3. O alto percentual de ácido oleico torna o azeite de
oliva ideal para saladas e para cozimento a temperaturas moderadas. O óleo
extra virgem é também rico em antioxidantes.
Ele deve ser turvo (indicando que
não foi filtrado) e ter uma cor amarelo-dourada (indica que foi produzido a
partir de azeitonas maduras). O azeite de oliva tem resistido ao teste do
tempo. Ele é o óleo vegetal mais seguro que você pode usar, porém não exagere.
As cadeias mais longas de ácidos graxos encontradas no azeite de oliva têm mais
possibilidade de contribuir para o acúmulo de gordura corpórea que os ácidos
graxos de cadeias curtas e médias encontradas na manteiga, gordura de coco e
óleo de palma.
Óleo de amendoim - Contém 48% de ácido oleico,
18% de gordura saturada e 34% de ácido linoleico ômega-6. Assim como o azeite
de oliva, o óleo de amendoim é relativamente estável e, portanto, próprio para
frituras rápidas. Porém, o alto percentual de ômega-6 representa um perigo em
potencial e, portanto, o uso do óleo de amendoim deve ser rigorosamente
limitado.
Óleo de gergelim - Contém 42% de ácido oleico,
15% de gordura saturada e 43% de ácido linoleico ômega-6. O óleo de gergelim
tem composição semelhante ao óleo de amendoim. Pode ser utilizado para fritura
porque contém antioxidantes exclusivos e que não são destruídos pelo calor.
Porém, o alto percentual de ômega-6 é um fator contrário ao seu uso.
Óleos de cártamo, milho,
girassol, soja e algodão - Todos contêm mais de 50% de ômega-6 e, com exceção do óleo de soja,
apenas quantidades mínimas de ômega-3. O óleo de cártamo contém quase 80% de
ômega-6. Os pesquisadores estão mal começando a descobrir os perigos do excesso
de ômega-6, sejam ou não râncidos, na dieta alimentar. A utilização desses
óleos deve ser rigorosamente evitada.
Esses óleos nunca devem ser
consumidos após terem sido aquecidos, como no cozimento ou fritura. Os óleos de
cártamo e girassol, altamente oleicos, produzidos a partir de plantas híbridas,
têm uma composição semelhante ao azeite de oliva. Ou seja, altas quantidades de
ácido oleico e apenas pequenas quantidades de ácidos graxos poliinsaturados,
sendo assim mais estáveis que as variedades tradicionais. Porém, é difícil
encontrar versões desses óleos realmente obtidas por prensagem a frio.
Óleo de canola - Contém 5% de gordura saturada,
57% de ácido oleico, 23% de ômega-6 e 10-15% de ômega-3. O óleo de canola, o
mais novo no mercado, foi desenvolvido a partir da semente de colza, da família
das mostardas. A semente de colza é imprópria para consumo humano, porque
contém um ácido graxo de cadeia muito longa, chamado ácido erúcico, o qual, em
certas circunstâncias, está associado com lesões fibrosas no coração.
O óleo de canola foi criado para
ter pouco ou nenhum ácido erúcico e chamou a atenção dos nutricionistas por seu
elevado conteúdo de ácido oleico. Mas existem algumas indicações de que o óleo
de canola apresenta seus próprios perigos.
Esse óleo tem um elevado conteúdo
de enxofre e fica rançoso facilmente. Alimentos cozidos com óleo de canola
desenvolvem fungos (bolor) muito rapidamente. Durante o processo de
desodorização, os ácidos graxos ômega-3 do óleo de canola processado são
transformados em ácidos graxos trans, semelhantes aos das margarinas e
provavelmente mais perigosos.69 Um recente estudo indica que o óleo
de canola “coração saudável” na verdade cria uma deficiência de vitamina E, uma
vitamina necessária para a saúde do sistema cardiovascular.70 Outros
estudos indicam que mesmo um óleo de canola com baixo nível de ácido erúcico
causa lesões cardíacas, especialmente quando a dieta tiver pouca gordura
saturada.71
N. do T. Para maiores informações, ver o
novo artigo sobre o óleo de canola, pelas mesmas autoras, na edição nº 350
(14-08-2002) da e-coluna do Dr. Joseph Mercola, em www.mercola.com. O
artigo é meio grande, mas um resumo bem conciso seria o seguinte:
O óleo de canola era
originalmente produzido a partir da semente de colza. Em meados da década de
1980, a indústria de óleos comestíveis enfrentava um problema de crescimento –
acumulavam-se os indícios de que as gorduras poliinsaturadas (em grande
quantidade nos azeites comestíveis) eram prejudiciais à saúde, enquanto
gorduras monoinsaturadas e com mais ômega-3 (como o azeite de oliva) eram
apontadas como benéficas. Acontece que a produção mundial do azeite de oliva é
limitada – e cara. Então, era preciso encontrar um óleo barato e rico em
monoinsaturados e ômega-3. Aí surgiu a idéia do óleo de colza, um azeite de uso
milenar na China, Japão e Índia, contendo essas qualidades. Mas o óleo de
colza, se não fizer parte de uma dieta rica em gorduras saturadas, pode causar
lesões cardíacas e outros males, por causa do ácido erúcico.
No final dos anos 70,
pesquisadores do Canadá, usando técnicas genéticas, tinham conseguido
desenvolver uma variedade de colza cujo conteúdo de ácido erúcico era bem
menor, e com mais ácido oleico. Esse novo óleo foi denominado LEAR (de Low
Erucic Acid Rapeseed), mas esse nome não vendia bem. O óleo precisava de um
novo nome, mas nem LEAR, nem "Rape" (de rapeseed – colza, mas
que também significa "estupro", em inglês) eram bons nomes
comercialmente. Então surgiu o nome "Canola", de CAN (canadense) e
OLA (lembrando óleo) – "óleo canadense", que passou a ser usado no
início da década de 1990. Comercialmente, é um bom nome, pois soa como can
do e payola, boas palavras no jargão de marketing, em inglês.
No entanto, o óleo de canola
custou a decolar. Primeiro, porque o próprio governo canadense relutava em
aprová-lo e, portanto, também a FDA não o liberava para o enorme mercado dos
EUA. Alguma modificação nos regulamentos precisava ser feita. Ninguém sabe
como, mas as normas foram alteradas e o óleo foi aprovado (dizem que isso
custou 50 milhões de dólares ao governo do Canadá, mas certamente são apenas
boatos...). O passo seguinte era convencer os consumidores (geralmente mais
esclarecidos, pois até sabiam que poliinsaturados faz mal).
A tática usada foi promover o
azeite de oliva, e depois ligar as qualidades desse tradicional azeite
mediterrâneo (caro) ao novo (e barato) óleo de canola, que continha quantidades
semelhantes de substâncias similares (uma idéia brilhante, aliás). Isso talvez
explique por que, de repente, na última década, o azeite de oliva passou a
receber tantos elogios em publicações especializadas pelo mundo afora. A
seguir, os fabricantes do óleo de canola passaram a financiar livros de
receitas de cozinheiros e personalidades famosas, onde sempre se devia usar
"azeite de oliva ou de canola" nos preparos. Como o azeite de oliva é
mais raro e mais caro, adivinhe que óleo as pessoas passaram a comprar...
Assim, hoje o óleo de canola
virou uma daquelas "verdades", inicialmente na boca de especialistas
(como nutricionistas) e agora até na boca das donas-de-casa. Mas ele continua
sendo um alimento maléfico, segundo as autoras, pelas razões citadas nesta
matéria e nos artigos referenciados.
Óleo de linhaça - Contém 9% de ácidos graxos
saturados, 18% de ácido oleico, 16% de ômega-6 e 57% de ômega-3. Com seu
conteúdo extremamente alto de ômega-3, o óleo de linhaça propicia uma solução
para o desequilíbrio entre ômega-6 e ômega-3, tão comum no mundo ocidental de
hoje.
Novos métodos de extração e
engarrafamento minimizaram os problemas de rancidez (causados pelos ômega-3).
Ele deve ser sempre mantido sob refrigeração, nunca deve ser aquecido, e deve
ser consumido em pequenas quantidades em molhos para salada e pastas para passar
no pão. Os óleos tropicais são mais saturados que os demais óleos vegetais. O
óleo de palma (dendê) é cerca de 50% saturado, com 41% de ácido oleico e cerca
de 9% de ácido linoleico. A gordura de coco é 92% saturada, com mais de dois
terços da gordura saturada em forma de ácidos graxos de cadeias médias
(geralmente chamados de triglicerídeos de cadeia média).
De especial interesse é o ácido
láurico, encontrado em grande quantidade na gordura de coco e no leite materno.
Esse ácido graxo possui potentes propriedades antimicrobianas e antifúngicas.
A gordura de coco protege as
populações tropicais contra bactérias e fungos, tão comuns em seus alimentos.
Quando as nações do terceiro mundo nas regiões tropicais passaram a usar óleos
vegetais poliinsaturados, a incidência de distúrbios intestinais e de doenças
por imunodeficiência aumentou dramaticamente. Por conter ácido láurico, a
gordura de coco é muitas utilizada em fórmulas para mamadeiras. O óleo do
caroço de palma, usado principalmente na cobertura de doces, também contém
altos níveis de ácido láurico.
Esses óleos são extremamente
estáveis e podem ser mantidos na temperatura ambiente por muitos meses, sem se
tornarem râncidos. Os óleos tropicais altamente saturados não contribuem para
as doenças cardíacas. Ao contrário, têm alimentado populações saudáveis há
milênios.72
É uma pena não usar esses óleos
para cozinhar. A má fama que eles receberam é resultado de intenso lobby
por parte da indústria norte-americana de óleos vegetais.73 O óleo
vermelho de palma tem um sabor forte e que muitos acham desagradável, embora
seja amplamente utilizado em toda a África. Mas o óleo purificado de palma, que
é branco e não tem gosto, era antigamente utilizado para fritura e na produção
comercial de batatinhas fritas, enquanto que a gordura de coco era usada em
doces, salgadinhos e confeitos. O medo da gordura saturada forçou os
fabricantes a abandonar esse óleos seguros e saudáveis, em favor dos óleos
hidrogenados de soja, milho, canola e algodão.
Em resumo, nossa escolha de óleos
e gorduras é algo da maior importância. Para a maioria das pessoas,
principalmente bebês e crianças em crescimento, é mais benéfico ter ter mais
gordura na dieta do que menos. Mas as gorduras que ingerimos devem ser escolhidas
com cuidado. Evite os alimentos processados contendo modernas gorduras
hidrogenadas e óleos poliinsaturados.
Em seu lugar, use os óleos
vegetais tradicionais, como azeite de oliva extra virgem, e pequenas
quantidades de óleo de linhaça não refinado. Familiarize-se com as vantagens da
gordura de coco para cozimento e das gorduras animais para frituras, coma gemas
de ovos e outras gorduras animais com as proteínas às quais estão ligadas. E,
por último, use tanta manteiga de qualidade quanto você quiser, com a feliz
certeza de que se trata de um alimento integral – na verdade, um alimento
essencial para você e toda a sua família.
oOo
* Mary G. Enig é
Vice-Presidente da Fundação Weston A. Price, Presidente da Associação dos
Nutricionistas de Maryland (EUA) e autora da obra "Know Your Fats: The
Complete Primer for Understanding the Nutrition of Fats, Oils and Cholesterol,
Bethesda Press, 2000" [Conheça suas gorduras - Manual completo para
entender a nutrição das gorduras, óleos e colesterol].
** Sally Fallon é Presidente
da Fundação Weston A. Price (EUA) e autora da obra "Nourishing Traditions:
The Cookbook that Challenges Politically Correct Nutrition and the Diet
Dictocrats", NewTrends Publishing, 2000 [Tradições Alimentares - O livro
de receitas que desafia a nutrição politicamente correta e os dictocratas das
dietas].
Fonte: e-coluna do Dr. Joseph Mercola,
8/02
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